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Um deus
O sol ardeu seus olhos quando ele saiu do metrô. Era uma manhã quente, a calçada queimou seus pés descalços, mesmo ele já tendo uma proteção natural formada pelo tempo, que engrossou a sola de seus pés.
Este lugar era estranho, nunca viu tanta gente junto. Como conseguem viver na cidade grande?
Estava tão cansado que nem havia percebido o quanto de gente que há, até o senhor de roupa bonita com arma da cintura o acordar e dizer que tinham chegado.
Porque ele usa aquela arma, será para caçar. Será que caçam aqui também?
As pessoas aqui são alegres, ele gosta disso, elas apontam prá gente e riem, essa alegria é contagiante, ele também ri. Eles tem uma expressão estranha.
Ele vê um grupo de jovens em círculo, deve ser alguma cerimônia sagrada ou algum ritual. Ele se aproxima para ver.
Um xamã com cara de menino e espírito de ancião encanta bolinhas, elas voam, há uma música estranha, ele nunca viu algo igual, deve ser o rezo deles, alguns acompanham com palmas. As bolinhas dançam no ritmo do rezo. Estrelas devem morar nos olhos deste xamã, nunca viu um olhar brilhar tanto. Ele veste o arco íris. Mas o que mais chamou atenção foi o cabelo. Nunca viu um cabelo como aquele. Os fios eram grossos como uma corda e a forma que era enrolado acima da cabeça era magnética. Ele nunca gostou de nada que prende, mas este cabelo o fascinou. Se estivesse solto, devia tocar o chão. Este xamã parece um deus.
Ele se aproxima um pouco mais. As pessoas parecem respeitar muito ele, pois ao ele se aproximar, se afastam, acredita que é para ele poder se aproximar do deus. Parece que há um ritual de aproximação. Sempre que ele se aproxima de alguém, eles tocam o nariz, como se não quisessem respirar. Será que há escassez de ar nesta terra? Será que é para que sobre mais ar para ele?
Ele se aproxima do deus. O deus olha para ele e para o encantamento das bolinhas. Se aproxima e o abraça. Ele não economiza ar, nem amor.
Um Deus- Outro ponto de vista
O sol estava radiante, brilhava intensamente, o calor, que calor, ele suava às bicas.
Foi quando viu aquele ser estranho, nunca viu algo assim. Ele não parece ser de uma comunidade. E a forma como se comporta, parece encantado com tudo.
Acho que seus cabelos nunca viram água. Como pode estar descalço nessas pedras que queimam como o inferno. Parece ter casco nos pés. E essas roupas, vieram de um episódio de Os Flintstones?
Parece tá apaixonado pelo maluco do malabares, não tira os olhos dele.
Ih, ele tá vindo em nossa direção. Será que vem pedir um trocado? Ou tá afim do meu baseado. Ele tem cara de quem gosta de dar um pega e ficar doidão. Mas acho que ele não precisa da erva prá ficar doidão, acho que já é.
Caraaaaca, que é isso? Parece que engoliu umas fossa, como fede essa criatura. Tô fora. Vou nem afastar daqui.
Maaluucoo, o cara dos malabares sorri e abraça ele. Deve tá muito chapado o nariz tá ralado der tanto pó.
Que doideira.
Mutação
Esqueceu de comprar água e na casa não tem filtro, cidade seca do cão. Apavorada com a distância que teria que percorrer para buscar água pensa em todos os horrores que podem acontecer....
Então ela vai para o arsenal. Pega uma 12 cano serrado, shuriken, corrente e machadinhas.
Neste momento ela agradece as invasões anteriores que a treinaram para este momento.
Mesmo assim o medo está sempre presente. Pois eles tem se multiplicado.
Ela não sabe mais quantos humanos existem. Eles estão transformando a todos.
Ela examina atentamente o monitor, parece não haver movimento.
Respira profundamente. Desliga os escudos e sai.
Ela tem apenas 15 minutos de oxigênio.
Então reza para que, além da água, tenham oxigênio para a reposição.
Ela começa a correr, olhos atentos para qualquer movimento.
Há um misto de pavor e tristeza, pois se passaram apenas 3 meses e parecem décadas.
Nas ruas, carros deteriorados como se estivessem no tempo há anos.
Nenhum animal é encontrado. Eles exterminaram todos, não poupam nada que tenha sangue quente.
O vento grita.
Seu coração acelera.
É sinal de que eles estão chegando.
Ela confere a munição.
Se prepara para o combate.
Uma lâmina, atravessa seu coração.
Antes mesmo que ele pare de bombear, as presas rasgam seu pescoço.
Olhos vermelhos, caninos brancos, garras longas.
Pipa/ar
- Enfermeira, enfermeira, por favor, venha logo, ele não está respirando.
Ela perdeu a conta, de quantas vezes essa cena se repetiu, desde que ele caiu do telhado.
Ela avisou que estava escorregadio.
Mas ele não resiste à carinha de pidão de seu netinho. Principalmente numa era digital, ver uma criança que prefere soltar pipa, não tem preço.
Mas isso pode custar sua vida.
Telhado, pipa, umidade, limo não é uma boa mistura.
Mas ele é teimoso, mesmo assim subiu, escorregou e agora está nos hospital. Pulmão perfurado e o hospital não tem sangue suficiente para a cirurgia.
Por que ele tinha que ter sangue raro?
Ela perdeu a conta dos cigarros, dos cafés, lenços de papel e nem notou a linda poltrona de mogno, na qual está sentada.
O mundo dela agora, é dor e medo.
Onipresença
Não há mais privacidade.
Ele é onisciente.
Observa, cada movimento, cada respiração, não perde nenhum detalhe.
Levanto, passo a passo, em silêncio, mal respiro, para que ninguém acorde.
Abro a porta lentamente.
Aguço meu olhar para não esbarrar em nada (estou no escuro).
Abro a geladeira com cuidado, estico o braço e aproximo minha mão do último pedaço de torta de chocolate.
Quando ouço:
ESTE PEDAÇO É MEU.
Terrível ter um irmão operando o satélite.
Estão chegando
Eles estão chegando. Sinto isso. Sou grato por ter chegado até aqui. Mas acho que agora é meu fim.
Isso parece não acabar.
A angústia de não saber o que verei no próximo passo, me atormenta.
Um odor forte invade minhas narinas, ouço passos, galhos sendo rompidos.
Algo viscoso desce por minha nuca, meu coração acelera.
A escuridão toma conta de mim.
SILÊNCIO!
9:15
Como sempre pontual.
São 9:15.
Ela abre a janela, respira fundo, se espreguiça, desliza a língua pelos lábios, dá uma mordidinha nos lábios, pega a xícara de chá, leva próximo aquele narizinho esculpido, aspira a fragrância, respira fundo, toca a xícara com seus lábios e sorve o chá, e abre aquele sorriso que acaricia o universo.
Ouve um miado, seu gatinho se aproxima e ela o acolhe.
Em outra vida, quero ser gato.
Sentidos
Ele aguça seus ouvidos, os carros estão diminuindo a velocidade, seu coração acelera, não era para estar assim, sempre é tranquilo atravessar a rua, ele sente a presença de cinco pessoas, o coração de uma delas está descompassado, é isso, ele está sentindo a angústia dela.
Os carros param.
Ele desce a calçada e começa à caminhar, tranquilamente, ouve um corpo caindo, é a moça que estava angustiada, ela geme, seu coração e sua respiração estão lentos, o coração está quase parando. Sua angústia aumenta.
Ele toca sua cabeça e seu peito. A angústia suaviza, o ritmo do coração diminui gradativamente e para.
Ela faz sua passagem com suavidade.
A loba
Ele dançava e cantava enquanto na floresta entrava, em suas mãos, pães e frutos levava, para com sua vó compartilhar.
Uma linda loba encontrou e ela perguntou.
- onde vais, tão feliz?
- levar um lanche para vovó, dona Liz
- vem, sente comigo, vamos compartilhar
O sangue começou à ferver e sua face ruborizar
- sim, sento, sinto, uma vontade intensa de te beijar
- então deixe fluir, venha, minha fome, saciar
E o que aconteceu depois, não vou contar, mas é digno, do chapéu tirar.
Clepsidra
Ele acorda angustiado. A cabeça parece explodir.
Ela fala, ele não compreende e levanta a voz.
Isso cria um abismo entre eles.
Ele, porque agiu como tudo que ele abomina.
Ela, porque, não reconhece o ser doce que a conquistou.
Ele mergulha no jornal, ela divide sua dor com uma amiga pelo celular.
Um encarte no jornal, ele sai.
Ela leva sua dor pro quarto.
Uma freada à leva à janela.
Ele está estendido no chão, um cesto de doces, um capuccino e flores.
Em lágrimas, ela lembra o que os uniu.
No bolso do colete, o diagnóstico de um tumor cerebral.
Um corpo habitado por muitos seres, Nhyin o Gnomo, Varno Nômade, Duende, SemeAmor, Sei Shin e GratidOMMM.
Um multiartista que surfa nas ondas da poesia, histórias, contos, fábulas e performances.
Escritor, ilustramor, animador, poeta, músico orgânico, performer, instrutor de meditação e canalização de energia cósmica, despertou os métodos Ki Mon Ka e Sei Shin Shin Shin Tyou Wa.
Autor de diversos livros idealizamor do Sarau Cósmico que deu origem ao MultiVerso do Gnomo.
O MultiVerso do Gnomo é um portal de Arte e Terapias Holísticas.